CIÚMES ALÉM DA CONTA
Ao abordar esse tema, vale dizer que o ciúme é um sentimento normal e inato do ser humano,
ocasionado pelo desejo da exclusividade na amizade ou amor por determinada pessoa.
Estudiosos do assunto consideram o ciúme como uma espécie de temor, que remete ao
desejo de se conservar alguma conquista, variando apenas o objeto de desejo. No caso dos
relacionamentos amorosos, o homem em relação à mulher ou vice-versa.
Podemos dizer que o ciúme é normal, quando é passageiro e a pessoa que vive essa
experiência não fica
fixada com a ideia ou fato provocador. Uma das características do ciúme normal, é que
ele é provocado
por uma situação específica, sendo baseado em fatos reais. O que está em jogo nesse tipo
de ciúme é o
desejo de preservar o relacionamento e não sentimento de traição ou posse sobre o outro.
Por outro lado, o ciúme patológico começa a se configurar quando pensamentos provocam
preocupações
infundadas ou fantasiosas, com a interpretação de que o relacionamento está sendo ameaçado
. Este tipo
de ciúme pode se provocado pelas mais variadas situações, sendo sua origem baseada num
sentimento
de inferioridade e insegurança, onde indivíduo, sem estar baseado em fatos concretos, sente-se
desprezado, alienado e descartado pelo outro.
O ciúme patológico pode estar relacionado ao desenvolvimento de um distúrbio de personalidade
denominado "Transtorno de Personalidade Paranóide", onde a pessoa apresenta desordem de
pensamentos,
acompanhado de sentimentos e comportamentos que prejudicam seu cotidiano, sua vida de um
modo geral
e principalmente sua vida conjugal.
É comum nas pessoas com ciúme patológico a compulsão por verificar constantemente as suas
dúvidas,
com relação ao outro, provocadas por seus pensamentos disfuncionais, chegando ao ponto de
se dedicar
exaustivamente a invadir a privacidade e atrapalhar a liberdade do parceiro. Na expectativa de
constatar
suas suposições fantasiosas em relação ao outro, a pessoa assim, monitora seu parceiro nas
redes sociais,
examina ligações do celular, examina bolsos, pertences e muito mais. Tudo isso, na tentativa
de aliviar seus
sentimentos de dúvida e insegurança, provocados involuntariamente pelos pensamentos disfuncionais.
A boa notícia é que esse comportamento negativo tem solução. Mas para isso, a pessoa com ciúme
patológico deve reconhecer que seu sofrimento é resultante de um distúrbio mental, necessitando de
tratamento psicológico e em alguns casos, tratamento psiquiátrico. Para isso, é importante que o(a)
parceiro(a) entenda o funcionamento dessa psicopatologia e atue ajudando seu par no enfrentamento
e nas recaídas por eventuais crises de ciúmes.
O tratamento psicológico deve envolver o cliente num ambiente de aceitação, acolhimento e
reconhecimento
das suas dificuldades, de forma que assim se estabeleça uma relação terapêutica que permita
a expressão
dos pensamentos disfuncionais e ideias paranóides. Assim, em psicoterepia, o cliente sentirá
mais liberdade
e segurança para relatar suas “fraquezas”, “paranóias” e “bizarrices”, provocadas por esse
distúrbio mental.
A partir dessa relação de confiança com o Psicólogo, se estabelecerão estratégias, baseadas
nos conteúdos
trazidos em psicoterapia, onde o cliente elaborará um contato mais pleno consigo, fará
uma revisão das
situações que provocam ciúmes e de seus comportamentos, aprenderá a identificar e
lidar com seus
pensamentos disfuncionais, a fim de desestimulá-los. Assim, com a ajuda profissional e
familiar, a pessoa
pode adotar novas atitudes na sua relação com as pessoas, sinalizando que um novo e
saudável caminho começou a ser trilhado.