sexta-feira, 25 de maio de 2012

Metas, o impulso dos indivíduos

:: Flávio Gikovate :: Não creio que se possa falar em liberdade quando nos referimos às pessoas que têm que se manter permanentemente ocupadas, perseguindo objetivos sofisticados e percebidos como grandiosos, através dos quais obterão destaque social, capaz de satisfazer sua vaidade. Ao contrário, parece que fogem desesperadamente de um confronto mais direto consigo mesmo e, principalmente, da consciência mais clara que podem ter acerca da condição humana. Os que são bem sucedidos através deste caminho, só o são aos olhos das outras pessoas, pois a própria conquista dos objetivos propostos impulsiona o indivíduo de volta para as questões das quais tentou se esconder. Desta forma, é bastante comum o surgimento de distúrbios hipocondríacos, medo da morte, depressões de todo o tipo, exatamente quando o indivíduo chega próximo de suas metas, condição na qual poderá ter mais tempo livre e menos necessidade de se preocupar de modo obsessivo com seus planos práticos. Ou seja, justamente quando estaria chegando a hora de se poder usufruir dos benefícios obtidos pela luta desenfreada, surgem obstáculos insuspeitados capazes de levar o indivíduo para um estado emocional lastimável. Se no processo de exercer sua energia física e mental para atingir objetivos pessoais o indivíduo oprime terceiros, não creio que seja esta a intenção primeira e deliberada; apenas não pode deixar de batalhar para chegar onde se propôs. Não creio na existência de uma efetiva tendência agressiva e destrutiva no ser humano, apesar de que a prática nos mostra que as relações humanas têm, na maior parte do tempo, manifestações que poderiam ser interpretadas dessa forma. Acredito, isto sim, que os chamados opressores são criaturas desesperadas, conscientes de coisas que elas não suportam e obrigadas a agir obstinadamente para atenuar o seu próprio desespero. Os mais fracos, os oprimidos, sofrem as conseqüências desta forma de ser dos opressores de modo direto e simples; porém seria ilusório supor que os opressores estejam vivendo bem, estejam com tudo. Assim, a necessidade de progredir cada vez mais, de refazer novos e mais complexos projetos de evolução na direção que encaminharam suas vidas me parece um imperativo para estas pessoas – e, é claro, para as sociedades e esquemas econômicos que nelas se estabelecem – ainda quando tal progresso já seja percebido como absolutamente sem fundamento na realidade. Só a título de exemplo, um industrial bem sucedido poderá duplicar sua fábrica, à custa de sacrifícios e apertos financeiros, apesar de que os resultados materiais desta expansão já não serão necessários nem para o sustento de seus netos. Os mais dotados de inteligência, no afã de atenuar seu desespero, oprimem, direta ou indiretamente, a maioria das populações. Mas o resultado observável é que estas pessoas também acabam agindo como carrascos de si mesmas, levando uma vida tão ou mais sofrida do que aqueles a quem oprimem (salvo, é claro, pelo aspecto das comodidades materiais que funcionam mais ou menos como um prêmio de consolação). Desta maneira, podemos afirmar que ninguém está vivendo realmente bem, que ninguém está efetivamente convencido de que seu modo de ser foi decidido através de uma opção livre. A dar crédito para estas observações seríamos forçados a supor que o primeiro passo para o encaminhamento da questão da liberdade humana consistiria na aceitação dócil e não ressentida da insignificância de nossa condição. O desespero derivado desta constatação deveria ser vivido até a exaustão e não atenuado artificialmente através de drogas, de trabalho e ocupação intelectual obscecante, da busca de riquezas e destaques sociais cada vez maiores.
SAIA DE CIMA DO MURO, PULE... Às vezes é difícil, mas precisamos nos posicionar diante da vida. Não podemos ficar inertes sem tomar posição, com medo do julgamento dos outros ou da aceitação deles por causa das escolhas que fazemos. Precisamos entender que é quase impossível agradar a todo o mundo. Fazer escolhas faz parte do nosso processo evolutivo e é através delas e da nossa posição diante de certas coisas e pessoas que direcionamos os nossos passos para o nosso objetivo que é ser Luz. É preciso ser fiel à nossa natureza interior para que possamos ser felizes e isso quase sempre está ligado às escolhas que precisamos fazer. Qual é a direção que você quer tomar? Quer seguir em direção à Luz, à Verdade ou vai querer fingir que não sabe de nada, dar uma de ingênua e ficar exposta às circunstâncias que querendo ou não podem influenciar e muito a sua pessoa. Não pensem que ficando em cima do muro estarão livres de consequências, pois agindo assim vocês podem ser associados tanto com um lado ou com outro. E aí? Ficar em cima do muro não é a atitude mais coerente que podemos tomar. Não nos posicionarmos diante das questões que nos são apresentadas pode atrasar a nossa caminhada ou nos levar a fazer coisas que não condizem com aquilo que realmente acreditamos serem certas, e isso, na verdade, seria um retrocesso. Só para ilustrar podemos dar um exemplo: se alguém trabalha em uma empresa e o seu chefe pede para fazer algo que esta pessoa sabe que vai prejudicar outra, e só para não perder o emprego ela aceita fazer, esta pessoa está se distanciando do seu EU e também corrompendo a sua Natureza Divina. Isso causa imensa dor naquele que é naturalmente bom. Ou outro caso, se alguém sabe que um amigo seu não é "flor que se cheire", mas mesmo assim continua a conviver com ele sem questionar os seus atos... Imaginem como a consciência de uma pessoa assim deve ficar; num eterno conflito entre questionar e se afastar por saber que está no caminho errado ou continuar ao lado e ferir a si mesmo por ter um medo exacerbado de ser rejeitado. Pessoas assim precisam acreditar mais em si mesmas, na sua capacidade de realização independente e portanto não precisam aceitar ir contra os seus valores para serem aceitas por este ou aquele grupo, por esta ou aquela pessoa. Precisamos criar coragem e pular. Para evitar o equilibrismo em cima do muro, é preciso escolher um dos lados, de preferência o da Luz. Olhar atentamente tudo o que está acontecendo em torno da questão, meditar, tentar ver as coisas como um observador atento e imparcial, consultar no nosso interior os reais valores espirituais e decidir, pular para um dos lados assumindo a responsabilidade das nossas escolhas, enfrentando as consequências, sejam elas boas ou ruins. Somos livres para decidir e, de preferência, sempre buscando o Amor, a Paz e a Compaixão. Namastê,

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