domingo, 9 de dezembro de 2012

Autoestima - O papel da criança boazinha(parte 1)

Autoestima - O papel da criança boazinha(parte 1)


De vez em quando, ao atender algum(a) cliente, vem a tona o padrão emocional da criança boazinha. Vou descrever como esse padrão é formado, por que ele é formado, e as consequencias que ele trás.
Conforme já expliquei em outros artigos, a criança tem uma profunda necessidade de reconhecimento e aprovação dos pais, para sentir que ela existe, que tem importância. É a partir desse reconhecimento que vem dos pais que a criança vai amadurecendo e aprendendo a se reconhecer e se amar, até que se torna um adulto saudável e independente emocionalmente. Isso, é claro, só acontece quando seus pais são pessoas emocionalmente saudáveis que souberam como suprir essa carência da criança.
A avidez que a criança tem por reconhecimento é enorme, e ela vai desenvolver estratégias para obtê-lo, conforme a reação dos adultos. Uma das maneiras de obter essa aprovação que ela tanto busca, é através do papel da boazinha.
"Que criança educada! "Que criança obediente, faz tudo que a gente pede!" "Como ela não dá trabalho, não reclama de nada!" "Como ela é meiga e doce!". E assim, para obter esse tipo de aprovação, algumas crianças começam a passar por cima dos seus verdadeiros desejos e opiniões para se encaixar com as expectativas dos pais.
Elogios e reconhecimento são muito bem vindos na educação das crianças para que elas possam fortalecer a sua autoestima. Entretanto, quando os pais tem uma baixa autoestima, eles podem usar o elogio e a aprovação como um meio de manipular o comportamento da criança, e não como uma forma de demonstrar amor verdadeiro e incondicional. Ainda mais quando são pais que tem padrões emocionais de querer controlar a vida e os gostos dos filhos.
Nesse tipo de família, a criança desde pequena não tem permissão de ter sua própria vontade e opinião, a não ser que essa vontade e opinião coincida com as dos pais. Quando há essa coincidência, ela recebe o reconhecimento e atenção. Porém, quando demonstra querer algo diferente ou pensar de forma divergente dos pais, logo é punida e criticada. A criança se sente culpada, parece que ter sua própria vontade é algo errado, e aprende a ir deixando de lado seus verdadeiros pensamentos e sentimentos para se moldar ao desejo dos adultos.
Vou dar um exemplo. Um certo dia, a criança prefere ficar em casa do que fazer um determinado programa em familia, ou prefere se divertir com seus amigos. Alguns pais ficam ressentidos com o filho quando ele tem esse tipo de desejo, chegando a criticar, brigar e até obrigar a criança a fazer o que eles querem. Essa criança começa a internalizar que não é certo ter sua vontade própria, que é melhor que ela seja "boazinha" para não causar tristeza, sofrimento ou raiva nos seus pais. Ela passa a sentir responsável pela forma que os pais se sentem.

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