domingo, 28 de abril de 2013

Fobia Social ou medo de gente.


Apresenta um medo intenso e persistente
Apresenta um medo intenso e persistente
Embora o termo “fobia social” tenha sido cunhado em 1903, para designar o medo que algumas pessoas têm de serem observadas enquanto realizam tarefas, o transtorno de fobia social somente passou a ter mais importância a partir da terceira edição revisada do DSM.  A fobia social é um transtorno de ansiedade caracterizado pelo medo de ser observado ou analisado pelos outros, ou ainda pelo medo do embaraço durante a interação com outras pessoas, ou em situações de exposição pública.

A pessoa com transtorno fóbico social apresenta um medo intenso e persistente de uma ou mais situações nas quais poderá ser exposta à possível avaliação por parte de outras pessoas, como por exemplo: comer, beber, falar em público, ser o centro das atenções, interagir com o sexo oposto, entre outras situações. A pessoa tem constante pavor de fazer algo em público, temendo comportar-se de maneira humilhante ou embaraçosa. Em função desse medo, acaba evitando qualquer tipo de situação em que a possibilidade de interagir com outras pessoas exista, isolando-se e criando um quadro de angústia do qual não consegue sair. 
O comportamento de evitar o contato com outras pessoas, temendo ser analisado ou apenas observado, caracteriza o quadro chamado de esquiva fóbica. Em função de muitas dessas situações não poderem ser evitadas, a pessoa acometida pela fobia social apresenta intensas manifestações de ansiedade, o que fornece uma leve perspectiva do grande sofrimento individual experimentado por esses pacientes. A fobia social pode ser classificada em dois subtipos: generalizada e não generalizada. O subtipo generalizado inclui indivíduos com amplo espectro de medos sociais, ao passo que o subtipo não generalizado envolve a ansiedade limitada a situações específicas.

A despeito de ser um dos transtornos de ansiedade mais frequentes na população em geral, a fobia social ainda é um transtorno relativamente negligenciado. Isso porque a grande maioria das pessoas não a considera como um quadro patológico, portanto, consideram que não há necessidade de tratamento médico e acompanhamento. Pelo contrário, muitas vezes interpretam a grande dificuldade de interação com outras pessoas como falta de sociabilidade ou até mesmo como uma fraqueza ou falha de caráter. 
Isso demonstra o duplo sofrimento experimentado pelos fóbicos sociais: sofrem com o medo que sentem da possível interação com outros e sofrem pelo julgamento que é feito deles pela grande maioria das pessoas. Os próprios clínicos de outras áreas, que não a Psiquiatria, muitas vezes subestimam ou sub-reconhecem um quadro de fobia social. Isso é preocupante, uma vez que o diagnóstico precoce pode evitar o desenvolvimento de comorbidades, favorecendo um melhor prognóstico. 

Estima-se que a prevalência de fobia social ao longo da vida fique entre 10 e 15%, sendo o terceiro transtorno psiquiátrico mais comum na prática clínica, ficando atrás da depressão e da dependência ao álcool. Na prática médica, costuma ser a razão primária para a busca de tratamento, embora o desenvolvimento de comorbidades psiquiátricas, como depressão, pânico ou abuso de substâncias, acabem muitas vezes por ser o principal motivo para buscar tratamento médico. Esse é um importante aspecto associado à ocorrência de fobia social: a relação estreita existente entre este transtorno e o desenvolvimento de dependência a substâncias psicoativas, como o álcool e outras. 

De acordo com alguns autores, os transtornos de ansiedade, e em especial a fobia social, quando têm um início precoce na adolescência, parecem trazer severas consequências potenciais, predispondo os indivíduos afetados a uma maior vulnerabilidade para a depressão e para transtornos envolvendo o abuso de substâncias. Diversos estudos, utilizando evidências clínicas e epidemiológicas, têm demonstrado que a fobia social tende a preceder o início dos problemas com o álcool.
Os pesquisadores explicam essa relação em termos de tentativa de automedicação: ao experimentar bebidas alcoólicas, as pessoas com fobia social experimentam uma sensação de relaxamento, de maior sociabilidade, de diminuição do medo e dos sintomas ansiosos pelos quais eram dominadas anteriormente. Assim, a ação do álcool acaba por reforçar seu uso contínuo, podendo levar ao abuso comórbido, que representa uma importante complicação dos quadros de fobia social.
E essa situação, infelizmente, é muito mais frequente do que se pensa: um grande número de parentes de alcoolistas relata que seus familiares passaram a fazer uso de grandes quantidades de bebidas alcoólicas para se tornarem mais sociais e conseguirem conviver em sociedade, o que, para eles, era muito difícil antes da bebida. Isso é um aspecto a ser considerado no tratamento do alcoolismo, uma vez que pessoas com fobia social devem ser acompanhadas de maneira mais próxima, em função deste quadro contribuir para a recidiva do uso de álcool. Apenas a título de exemplo, um estudo realizado em 1998 mostrou que 70% dos pacientes com fobia social estudados relataram que o quadro fóbico se iniciou antes do alcoolismo, sendo que 60% destes bebiam deliberadamente para suportar a fobia, o qual reforça a hipótese da automedicação. 

A etiologia da fobia social ainda não se encontra totalmente esclarecida, embora existam algumas evidências sugerindo uma grande importância de fatores familiares, genéticos e neurobiológicos. A ocorrência de traumas e dificuldades na infância estão implicados como fatores de contribuição na gênese da fobia social. Com relação à transmissão genética, sabe-se que familiares de pacientes com fobia social apresentam o mesmo diagnóstico com uma frequência maior que familiares de pacientes com síndrome do pânico ou que pessoas sadias. 

É necessário fazer uma diferenciação entre pessoas que sofrem com timidez excessiva e aquelas que possuem fobia social. Embora os dois quadros apresentem muitas semelhanças, tais como: ocorrer em situações de desempenho social, reconhecer o medo como irracional e produzir fortes sintomas ansiosos, se diferenciam em outros aspectos: pacientes com fobia social são acometidos por um medo paralisante de situações de interação com outras pessoas, enquanto que pessoas tímidas, embora se sintam desconfortáveis, não sentem um medo tão intenso; embora os tímidos possam sentir-se encabulados em determinadas situações, não desejam sair correndo por medo daquela situação, nem ficam com pensamentos obsessivos sobre a possibilidade de uma interação pública, como ocorre com fóbicos sociais; pacientes com fobia social frequentemente apresentam ataques de pânico frente a situações sociais, o que não acontece com pessoas apenas tímidas; e, tão importante quanto os demais aspectos, embora os tímidos possam sentir-se desconfortáveis em algumas situações, não chegam a experimentar o sofrimento intenso experimentado por aqueles que possuem fobia social.

Com relação às formas existentes de tratamento, embora a busca por tratamento médico para tal condição seja relativamente pequena, a fobia social responde tanto à terapia medicamentosa quanto ao tratamento psicoterapêutico. Do ponto de vista farmacológico, o tratamento da fobia social tem quatro objetivos principais: reduzir e controlar a ansiedade antecipatória; controlar as manifestações físicas e subjetivas da ansiedade quando da exposição a estímulos eliciadores de ansiedade; eliminar a esquiva fóbica associada; e tratar adequadamente, também, os transtornos comórbidos associados.
Nesse contexto, três classes de fármacos têm se mostrado eficazes na fobia social: os betabloqueadores (em casos de fobia social não generalizada, ou seja, circunscrita a uma determinada situação) e os benzodiazepínicos e antidepressivos (em casos de fobia social generalizada). Do ponto de vista psicoterapêutico, certos tipos de psicoterapia podem auxiliar os pacientes e, muitas vezes, representam a principal e mais vantajosa alternativa, uma vez que muito do que se aprende durante a psicoterapia pode ser usado no decorrer da vida do paciente, funcionando como um instrumento para a prevenção de recaídas.
A terapia do tipo cognitivo-comportamental tem sido amplamente utilizada com este intuito, embora muitos pacientes apresentem apenas uma diminuição parcial dos sintomas.


Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO - Cursos Online : Mais de 1000 cursos online com certificado 
http://www.portaleducacao.com.br/psicologia/artigos/34058/fobia-social#ixzz2RnUis5zX

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